Entrevista com a Julie Van Wilpe Miss VLV 17 - a Juliana Boiger

06:16:00

Já tem um tempo que não têm uma entrevista aqui no blog. E para voltar as entrevistas com tudo, a entrevistada do mês é a Juliana Boiger, também conhecida como Julie Van Wilpe. A Ju segue o estilo vintage e retrô desde que era adolescente e hoje em dia carrega toda uma inspiração western nos seus looks.

Para quem não sabe, ela participou do concurso Miss Pinup no maior evento de rockabilly do mundo, o Viva Las Vegas, e o melhor: representou o Brasil muito bem e trouxe para o país o prêmio de 2º Lugar.

Abaixo na entrevista, a Julie fala sobre como começou a usar o estilo pin-up, como foi a participação dela no VLV e a diferença entre o universo vintage e retrô nos Estados Unidos e no Brasil e ainda umas dicas para quem está aderindo ao estilo agora ;-). Confira:


Como você começou a aderir o estilo pin-up? De onde vieram as influências? 

Minha trajetória por esse universo começou desde cedo, sempre admirando os objetos antigos e vestimenta da minha bisavó (de onde eu tirei meu “Nome de guerra” - Van Wilpe) o sobrenome veio da Holanda junto com ela, e é a minha primeira musa vintage desde que me conheço por gente. Outro fato que me influenciou desde criança era o bom gosto musical da família, cresci ouvindo rock’n’roll, blues, jazz, country e muitos outros ritmos da época. Posteriormente, lá pelo início da adolescência, descobri que havia um número considerável de pessoas que já eram adeptas a esse estilo de vida e modo de se vestir, fiquei bastante animada com isso, pois não fazia ideia que era um estilo propriamente dito, então aos 15 anos comecei a produzir ensaios com a temática pin-up. Quando eu comecei, havia pouquíssimas referências nacionais sobre o assunto, havia mais ou menos 4 meninas que já faziam isso a sério, entre elas a Ana Bandarra e Genise, que são duas meninas que sempre admirei muito como “pin-up models”, com o passar do tempo o número de adeptas foi crescendo e com isso a oportunidade de entrevistas e matérias também, pois chamou atenção da mídia. Meus ensaios que antes eram bastante “caseiros” passaram a ser mais profissionais, surgiram alguns trabalhos no meio e a minha paixão por isso tudo só cresceu!


As minhas principais referências sempre vieram da família. Minha bisavó foi minha primeira e maior inspiração e minhas duas outras avós sempre contribuíram e muito com tudo isso! Minha avó por parte de mãe, por ser um pouco mais velha, me influenciou e me garantiu peças dos anos 40 e 50, já minha avó por parte de pai era mais nova e me influenciou na parte anos 60 e 70 do vintage (que também gosto muito e possuo coisas muito bacanas vindas dela!).


Entre os “tipos de pin-up” com qual você mais se identifica e como você aplica esse estilo no seu dia a dia? Consegue mantê-lo diariamente ou adere somente em ocasiões especiais como eventos?

O “Howdysister” é claro! (Pin-Up com influência cowboy e western) – Como é o tipo de música que mais gosto acabou sendo natural assumir o estilo, com botas, camisas bordadas, cintos, fivelas e bolo ties. Para me adaptar ao dia a dia e trabalho meu estilo fica até mais country do que pinup, misturado com elementos modernos e referências de anos 50 a 70. Em eventos e ocasiões especiais o look passa a ser bem mais caprichado e voltado à estética pinup, sem esquecer jamais dos penteados.


Paralelamente ao estilo country, um termo visual que me define bastante segundo amigos é o KITSCH, pois engloba de uma forma ou de outra tudo o que gosto, principalmente o exagero! Desde o country com brilhos, franjas, rhinestones e muito dourado! Até uma coisa mais tropical, que amo também, com muitas cores, folhagens, flamingos e brincos enormes. Não esquecendo dos cabelos altos (o famoso “big hair”) de onde surgiu meu mantra: “The higher the hair the closer to GOD” – Para fechar com chave de ouro: Combinar todos esses looks com o meu amado (coisa mais cafona, não existe rsrs).


Além de modelo pin-up você também é vocalista na banda Hick Sisters and the Rebels. Fale um pouco mais sobre esses projetos. Além desses com o que mais você trabalha e como concilia tudo isso?

Essa minha história com a música é toda muito engraçada, pois eu REALMENTE não sei cantar, é apenas uma coisa que eu gosto de fazer e me diverte muito. Sempre acabo fazendo projetos com amigos apenas por diversão e eles acabam ficando sérios, quando vejo, já temos shows marcados! O primeiro desses projetos foi a banda Juvenille Delinquents, atual Hop Boomers, em que eu dividia os vocais com a Frany Brunette, assim que me mudei para São Paulo, a Larissa, também conhecida como Lady Cat,  me convidou para fazer parte do seu mais novo projeto de country sabendo que eu era apaixonada pelo estilo, e assim surgiu a Hick Sisters and The Rebels, uma banda que mistura country com rockabilly e possui em seu repertório: Ernest Tubb, Alvis Wayne, Patsy Cline e até Hank Williams!



Como eu concilio isso tudo? Não sou a melhor pessoa pra responder! (risos) a banda atualmente está parada para trabalharmos melhor a divisão de vozes e também por conta dessa loucura toda do concurso, atualmente trabalho como web designer e quando aparecem alguns trabalhos como Pin-up tento agendá-los para os finais de semana.


Recentemente você participou do Viva Las Vegas Rockabilly Weekend, o maior festival de rockabilly do mundo no concurso Miss PinUp e inclusive ganhou o prêmio de 2º Lugar. Como foi participar e ganhar o evento? Você foi a primeira brasileira a participar do concurso?

Fui a primeira brasileira a ganhar o concurso, mas não fui a única a participar, junto comigo estava a Larissa Montagner (Lady Cat), que me incentivou a participar, portanto fizemos tudo juntas! Desde a divulgação, campanha de votos, vestidos do evento e desfile e até nos arrumamos juntas no grande dia! (Eu fiz cabelo e make para ambas). Participar do evento foi emocionante! Dava um misto de nervoso (pois subimos no palco pouco antes do show da Imelda May, então tinha muita gente olhando!) e ao mesmo tempo alegria... pois o evento é de encher os olhos... os carros, as produções das meninas e dos rapazes, as bandas, era tudo perfeito!





Quanto a ter ficado em segundo lugar concorrendo com todas aquelas meninas bonitas e algumas delas já famosas no meio, foi motivo de muito orgulho e emoção! Como se fosse um reconhecimento de todo o meu esforço durante minha trajetória no mundo vintage. Estou muito feliz!



Você mora no Brasil, mas com a experiência no exterior vivenciando com outras pessoas que também seguem esse estilo você conseguiu ter uma visão de como funciona esse universo lá fora. Para você qual a diferença entre o universo vintage e retrô entre os EUA e o Brasil? O que é melhor aqui ou lá e o que deve melhorar no Brasil?

A diferença visual é bastante óbvia, até porque o pessoal de fora tem acesso muito mais fácil às informações e compras do que nós no Brasil. É interessante ver o quanto eles valorizam estar usando uma peça vintage original, ao contrário do Brasil, onde a maioria se contenta com reproduções, desde que a estética da peça esteja alinhada ao estilo, para os gringos não, não basta só ser uma peça com aparência retrô e bonita, ela tem que pertencer originalmente à época que apreciam. Mas não há um lado melhor ou pior nisso, pelo contrário, me orgulhei ao ver que as brasileiras, mesmo não tendo tanta facilidade na hora de se vestir no estilo quanto as americanas, estavam fazendo o maior sucesso no evento! Isso porque nós somos criativas e desenvolvemos peças próprias, inspiradas nas vintage, a maioria das brasileiras vai à loja de tecido e tem uma costureira de confiança para realizar seus modelos, o que torna muitos de nossos looks únicos! Aconteceu comigo e com mais amigas que estavam lá, do pessoal elogiar a roupa e perguntar se era vintage original de tão bem feita e fiel que estava! Orgulho total <3


Outra diferença bem importante entre o visual do Brasil e de fora, é que lá, a grande maioria dos adeptos ao estilo, utiliza o visual 100% do tempo e não só em festas e eventos especiais como acontece por aqui, isso porque o número de pessoas representando o estilo lá fora é bem maior, o vintage é uma coisa incrustada na cultura local, por isso as pessoas não precisam se preocupar tanto assim com os olhares de estranhamento e reprovação nas ruas, ou muito menos se aquela roupa não é apropriada para o local de trabalho. As Pin-Ups lá são montadas 24 horas por dia! hehe



Puxando para o lado mais social da coisa, pelo que me pareceu, o pessoal de fora é muito simpático e educado com todos, não existem muitas panelinhas ou círculos de amizade fechados, ouço dizer que não devem existir “picuinhas” entre os apreciadores do estilo como há no Brasil. Eles também são muito humildes e elogiam muito. Quando gostam de alguma coisa vão lá e falam e não só ficam olhando com uma cara que você não sabe se é inveja, admiração ou deboche (já deve ter acontecido com vocês né?) – Eu até ficava desconcertada quando uma Pin-up gringa, muito bem montada e às vezes até famosa, vinha elogiar algum item da minha vestimenta ou cabelo, o pessoal lá é realmente cordial. Um fator que eu acho que é determinante nesse comportamento, não só pela educação local, é o fator número de representantes do estilo no país. Só nos estados unidos são 50 estados com adeptos ao estilo em todos eles, um número MUITO maior comparado ao Brasil onde quase todo mundo se conhece de vista, ou pela internet, sendo assim não fica tão visível como em nosso país quem é novo ou não, quem sabe mais ou quem sabe menos... o que não abre espaço para o desrespeito. Todos os brasileiros foram bem tratados, os mais velhos, os mais novos como eu e até quem nem sabia falar inglês direito. O respeito lá é uma característica muito forte, não só no meio vintage.


Quais são suas inspirações tanto no estilo musical quanto no visual?

Falar das minhas inspirações é difícil, porque é uma miscelânea tão grande que até eu me perco às vezes. Visualmente me inspiro em divas do cinema western como Dale Evans e Carolina Cotton.

Das atrizes clássicas de Hollywood gosto bastante da Betty Grable, Grace Kelly e Esther Williams. Gosto muito das “Blonde Bombshells” como a clássica Marilyn, Jayne Mansfield e Mamie Van Doren.

Como as referências Pin-Up não são só de carne e osso, mas principalmente ilustrações, gosto de sempre olhar os trabalhos de Earl Moran, Elvgren, Vargas, Driben e Billy De Vorss. Me inspiro muito também no visual de algumas cantoras do country como: Dolly Parton, Patsy Cline e Lynn Anderson assim como na música delas, na minha banda Hick Sisters nossas principais referências são: June Carter, Tammy Wynette e Loretta Lynn.


E nos tempos atuais e também no Brasil, quem ou o que são suas inspirações?
Dos tempos atuais minhas inspirações são as cantoras de country e rockabilly como Lynda Kay, Lim Lenz e L’il Lynn. Gosto muito das vintage girls gringas Johanna Ost, Amanda Süter e Miss Rockabilly Ruby. No Brasil, gosto muito e me inspiro nas meninas que tem personalidade bem definida e original, além disso, procuram adotar um visual mais “étnico” diferente das Pin-Ups mais clássicas, elas são as “Brunette Pin-Ups”: Helô Piecer e Frany Brunette.


Você sempre capricha no hairstyles. Quais são as suas dicas para fazer um bom penteado?
Um dos temas que sempre me interessou no “universo vintage” foram os penteados, e desde que comecei a produzir ensaios e frequentar o meio, veio me especializando nisso, através de livros, tutoriais ou tentando reproduzir os hairstyles de fotos antigas da família. Com o tempo passei até a fazer uns “freelas” disso e até tive o prazer de fazer o penteado de uma amiga no dia de seu casamento <3

Minha primeira e mais importante dica é: cabelo sujo! Sim, cabelo sujo, porque cabelo limpo dificulta e muito na hora do penteado, quando mais sujo e “duro” melhor! Outra observação é que ele sempre esteja liso e escovado. Mesmo que você vá enrolar depois, escove a raiz para um efeito mais caprichado!

Aprender a desfiar o cabelo para dar volume também é muito importante, é o “pulo do gato” de 90% dos penteados! Topetes, coques, beehives, rolls... tudo isso precisa do desfiado!


Minha última dica é investir em 4 bons produtos: moussepomadalaquê de fixação média e laquê mega-extra-super-forte (Vital Care é sempre um clássico). O mousse vai ajudar a modelar e aumentar a duração dos penteados, principalmente de topetes e pin curls. A pomada serve tanto para finalizar os penteados soltos e dar brilho, quanto para domar os fios arrepiados em presos. O laquê de fixação média serve para você ir usando e modelando o cabelo ENQUANTO está fazendo o penteado, pois é possível “mudar de ideia” com ele. Já o laquê de máxima fixação, vai finalizar e “colar” tudo no lugar, e muitas vezes não tem como voltar atrás... só lavando o cabelo novamente... Esse último não uso sempre pois é o que mais prejudica o cabelo, mas quando você tem uma festa ou evento especial é super importante para que o penteado dure a noite toda! ;)


O que você gostaria de dizer para as garotas que estão aderindo esse estilo?
Para quem deseja aderir a esse estilo, minha dica é sempre a mesma: PESQUISA. É necessário ter um conhecimento mínimo do que envolve essa estética antes de aderir ao estilo. E o mais importante é a paixão pela coisa, sem a paixão por esse tipo de trabalho, pela época, e pela cultura, não adianta de nada sair por aí assumindo o look não é mesmo? É fácil identificar quem faz isso porque gosta de verdade e quem faz isso só pelo fato de estar na moda. Para que isso não aconteça, a pesquisa é fundamental. Vai fazer um ensaio? Pesquise... Pesquise referências, pesquise sobre os artistas, saiba o que está fazendo. E procure ser original nisso!

E quando eu digo pesquisa, não estou falando só da visual para looks ou ensaios, mas principalmente da MUSICAL, procure entender como os movimentos começaram e de que forma eles estão relacionados ao estilo, porque na minha opinião os dois sempre devem andar juntos sim! Vejo por ai muita menina que se intitula Pin-Up mas só escuta funk e nunca ouviu um rockabilly na vida (não que biblioteca musical da pessoa deva se restringir somente a sons da época, até porque nem a minha se restringe! Escuto muita coisa atual, e muita coisa bizarra também) kkkkk. Mas em resumo, é muito importante ter o conhecimento musical sim! Afinal de contas um evento como o VLV apesar de muitas vezes parecer um desfile de moda, na realidade é um evento de música, e de nada adianta você ir sem saber pelo menos um pouco do que vai tocar e não curtir aquilo!


É isso :)

Muito Obrigada Daise querida pelo convite para a entrevista, adorei!

Se você quer conhecê-la melhor e também saber mais sobre o evento. Veja a entrevista também no blog Viva o Retrô.

Ju, eu que agradeço a participação sempre. Obrigada :)

Gostou e quer conhecer mais os seus trabalhos como Pin-Up? Acompanhe seus canais:
Facebook Page: Julie Van Wilpe
Instagram: @howdysister
Flicker: Julie Van Wilpe

Então, o que achou da ganhadora do prêmio Miss Pinup? Merecido, não?

Você também vai curtir

12 comentários

  1. Boa Tarde querida Daise, como vai?
    A entrevista ficou muito boa, muito bem elaborada. A Juliana é linda, assim como a Franny e a Helô. Eu assisti a Vintage Tag de todas elas e adorei, fiquei fã imediatamente. Acho que ela mereceu o prêmio sim. Lindas fotos! E adorei as dicas dessa diva maravilhosa!
    Gostaria de te convidar para ver meu primeiro look vintage no blog com turbante!
    Desejo uma ótima semana para você!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada por achar a entrevista bem elaborada Cris, apesar disso é importante que quem está sendo entrevistado também colabore bastante com as perguntas, respondendo com gosto, e isso a Ju também fez muito bem.

      As meninas são todas muito lindas mesmo e também adorei ver as "Vintage Tag".

      Já vi o look do turbante e já comentei também ;-)

      Beijinhos

      Excluir
  2. Fiquei totalmente rendida a essa entrevista e vou procurar saber mais sobre a Julie. Além de ser linda, parece ter uma cabeça ótima.
    Amei a entrevista, parabéns!
    Bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A entrevista ficou bacana mesmo Mary, além de linda, inteligentíssima :)

      Excluir
  3. Já conhecia o trabalho dela, muito legal trazer este prêmio pra nós brasileiras, que somos tão carentes nesse quesito aqui no Brasil, meus parabéns pela matéria :

    ResponderExcluir
  4. Ótima entrevista Daise! =)

    Bjsss

    vintagepri.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Nossa amei! Que fofa ,além de linda inteligentíssima. Prova pra quem pensa o contrári, que uma pin up se baseia em usar poás,batom vermelho e delineador... É estilo,essência...Não é pra qualquer uma,muito mais do que parecer,tem que se sentir assim,viver isso. Vcs arrasaram na entrevista meninas! xoxo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada Camila, fico feliz que tenha gostado. Voltei sempre que puder , o que você diz é bem verdade :)

      Excluir
  6. Gente, conheci o trabalho dela pela net esses dias e me apaixonei... ela é uma verdadeira inspiração. A, outra coisa.. estou ficando horas aqui no blog..hahah adoro o conteudo...saiu abrindo mas mil páginas!

    Beijos, Jell & Marcelo
    www.urbanoeretro.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Inspiração pura Jell. Que bom que está gostando, fico muito feliz vindo de você :) Pode visitar o blog sempre que quiser hehe Beijão

      Excluir

Leituras de uma Mente Flutuante

Na Tela de uma Mente Flutuante

Delírios de uma Mente Flutuante

Subscribe